segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PSICOLOGANDO AS DETENÇÕES. (Por Jacob Fortes. 16.09.2016)

Que a conduta ilícita careça de sanção, (para que não se perca o valor da pedagogia), isso é incontroverso, é unanimidade na opinião pública. Porém, gostaria de começar romantizando esse tema, imprimir-lhe um caráter fantasioso, utópico. Pitadas de utopias são bem-vindas, é tempero que quebra o cotidiano, colore a ortodoxia. As utopias, que dão sustentação aos sonhos, moram no reservatório secreto da imaginação e anseiam por escapulir. Sendo assim, que escapulam; se comprazam nos efeitos dos seus delírios, das suas pregações absurdas, inexequíveis.

Reflexionemos: se o Criador decidiu apor o carimbo da liberdade à testa das suas criaturas, conseguintemente concedeu-lhes gaiola do tamanho da imensidade. Desse modo, a nenhum mortal assiste prerrogativa para reformar essa decisão; é cláusula pétrea, legislada no plano celestial. Querer-se alterar embaixo o que veio do ALTO é o mesmo que uma autoridade de hierarquia inferior exautorar decisão de hierarquia superior. Portanto, nenhum ser, com ou sem o dom da fala, deveria ser privado da sua liberdade. Tal qual a água, o oxigênio e o calor do sol, a liberdade (igualitária, socialista), é legado do plano superior: Ainda que a liberdade exprima dádiva do Criador, a cada instante assiste-se o roubo dessa liberdade: humanos encaminhados aos presídios; aves encerradas em gaiolas do tamanho da casca de noz; animais supliciados, e por ai além. Quando isso ocorre os sinos, — portadores de queixas —, repenicam a Deus anunciando o arbítrio; só ELE os escuta. Assim como a rua começa onde termina o caminho, a liberdade só deveria terminar onde começasse a morte. A par disso fica a pergunta: por que a espécie humana se arvora
em privar da liberdade seus semelhantes e outros seres? Enquanto se esquadrinha uma resposta ponho minha nave ao chão, passo do mundo ficcional à crua realidade das normas humanas; é mais fácil discorrer sobre pensamentos filosóficos que pô-los em prática.
Tudo bem que as condutas delitivas não podem ser indultadas, aceitas impunemente; infratores hão de submeter-se à apuração de responsabilidades. Porém, não custa inquirir: se as práticas ilícitas cortejam a todas as camadas sociais por que as desconfianças recaem pesadamente sobre os representantes da academia da miséria? Por que a superstição de que não se pode poupar acrimônia aos delitos da favela enquanto os do palácio podem ser emolidos? Por que os presídios — que se propõem a lavar, relavar e enxaguar as culpas, reformar a moral dos culpados, mas que não passam de formidáveis obras de destruição, faculdades de perdição e de degenerescências — arrebanham prioritariamente os que personificam o monturo, a excrescência social, pobres, (analfabetos, malsãos, minados por enfermidades e densa ignorância), que infestam as detenções, enquanto a fidalguia se protege atrás de recursos protelatórios? Enquanto os delinquentes, sem nomeada, empuxados ao delito sob o incentivo da miséria, descansam como hóspedes nos aposentos da cloaca do crime, as ninhadas de filhos vão ficando para trás, ao desamparo, custodiadas pela indigência, na fraternidade de quanto padeçam de igual flagelo. Essa manada de neófitos — fazendo mau uso da liberdade, incorrendo em faltas, desregrando, evoluindo nas lições dos vícios — brevemente concorrerá para engrossas as fileiras da população carcerária. A circunstância, concausa, faz expandir o crime; haja imposto para presidiar o País.

Nenhum comentário:

Postar um comentário