Era uma tarde de segunda feira ensolarada de doer, quando um parciente, em uma bicicleta vai ao hospital para uma consulta de emergência. De tão fraca a esposa mal conseguia segurar na cintura do esposo.
Chegando ao HRCM - Hospital Regional de Campo Maior, foi logo sabendo que não havia médico plantonista. A mulher piorou três tantos e tanto lançava por riba como lançava por baixo. Corria o pessoal da limpeza para limpar o local, corriam as enfermeiras para acudir a paciente, e a falta de compromisso e de respeito pelos pacientes também corria que batia os pés na bunda dentro daquele hospital.
Depois de muitas horas de espera, os pacientes todos já se conheciam e se medicavam entre si. Uma dizia:
- Meu marido tava sentindo essas mesmas coisas aí e disseram que o apelido disso aí é virose, dei um chá da coronha com o oi da goiaba e ele ficou bonzim.
- Meu marido tava sentindo essas mesmas coisas aí e disseram que o apelido disso aí é virose, dei um chá da coronha com o oi da goiaba e ele ficou bonzim.
Outra dizia:
- Pra puxado o bom é ferver a folha do eucalípito, cobrir a cabeça com um pano e deixar o vapor entrar no nariz.
- Pra puxado o bom é ferver a folha do eucalípito, cobrir a cabeça com um pano e deixar o vapor entrar no nariz.
De um outro lado outra falava:
-Para pé rachado é muito bom o sebo do carneiro capado.
-Para pé rachado é muito bom o sebo do carneiro capado.
Lá de um canto, uma idosa toda trêmula, com um pano amarrado na cabeça, toda encolhida, com as rugas da experiência e da sabedoria fala:
- Eu só vim pra cá porque fui arrastada e porque não encontrei a minha pílula contra e nem a minha cibalena. Hum, hum, eu já sabia que aqui não tinha doutor. Quem diacho é que vai trabalhar pra ganhar miséria e ainda não receber? Estou ficando é velha, não é doida não.
- Eu só vim pra cá porque fui arrastada e porque não encontrei a minha pílula contra e nem a minha cibalena. Hum, hum, eu já sabia que aqui não tinha doutor. Quem diacho é que vai trabalhar pra ganhar miséria e ainda não receber? Estou ficando é velha, não é doida não.
E, aos poucos, decepcionados e indignados, os pacientes foram voltando para suas casas com a esperança de os remédios caseiros funcionarem.
E o par, ciente de que os brasileiros, piauienses e campomaiorenses são maravilhosos, sensíveis e "hospitaleiros", voltou para casa mais frágil, porém com a certeza de que a nossa saúde (SUS), os administradores hospitalares e os governantes é que são péssimos.
Outra certeza eles levaram para sua casa: já está mais do que na hora de se juntar àqueles que vão para as ruas protestar contra os descaso e reivindicar os direitos básicos dos cidadãos - Saúde, Educação, Segurança, etc.
Edilene Pinho
Edilene Pinho
Conheci a Edilene através do amigo Zan, ótima cronista campomaiorense relatando fatos do dia a dia da cidade de Campo Maior.
ResponderExcluirhlima/sp