segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Dona Amália Monte de Brito 90 anos

Hoje é o dia das crianças, mas dona Amália será a homenageada, pois graça ao seu comportamento brincalhão, permanece jovem aos 90 anos de idade, vividos com todas as emoções de quem foi criada em uma época de muita submissão, aos pais e esposo. 

Ao ser convidada para ir a casa de dona Amália Monte de Brito, pensei que fosse encontrar uma idosa, sentada em uma cadeira, com pouca memória e poucas palavras. Ao chegar na casa da homenageada, deparei-me com uma senhora jogando bola com o bebê da vizinha, sorrindo e falando sem parar. Diante de minha admiração, ela fez mais: alongou-se - tocando o chão com as mãos, mexeu com os braços, pernas, ensaiou uma dança e, depois sentou-se para me contar sua história de vida: infância, casamento, separação, mortes dos pais, convivência com os sobrinhos a quem chama de filhos e netos. Toda a sua vida, contada, sem atropelos, em poucos minutos. 

Dona Amália nasceu em Santa Úrsula, em 4 outubro de 1924. Seus pais eram Joaquim Ribeiro de Brito e Úrsula Monte de Brito, fazendeiros, que lhe proporcionaram uma infância feliz e só não foi para a cidade estudar, porque preferiu ficar no campo, que muito lhe agradava, recebendo em casa aulas de professores contratados...


Dona Amália ajudava os pais, cuidando da casa e dos irmãos. Ela pelava arroz no pilão, ia pegar tucuns nos tucunzais, carregava latas de tucuns na cabeça e cortava lenha no mato. Destemida fazia tudo: cortava cabelos, costurava as roupas da família  e se alguém adoecia, lá estava ela aplicando as injeções.

Dona Amália gostava de dançar, mas a morte do seu pai, quando estava com 29 anos, mudou toda a sua vida. Onze anos depois, sua mãe também adoeceu, um irmão e uma cunhada também adoeceram. Todos ficaram sob os seus cuidados até falecerem. 

Após a morte se sua mãe em 1964, ela conheceu o esposo e casou-se no mesmo ano, no dia 14 de dezembro, mesmo contra a vontade dos irmãos. Ela mudou-se várias vezes de lugar. O casal morou no Morro da Mariana, em Parnaíba, Luis Correia, Teresina e Belém do Pará. Foi um casamento infeliz. Ela foi maltratada, humilhada e agredida. Mas, por estar longe dos irmãos, por não querer admitir que errara ao se casar contra a vontade deles, ela aguentou todo o sofrimento calada, até que o esposo, vendo que ela não reagia, chamou uma sobrinha e a pediu para tirá-la de casa.

Em 1972 Dona Amália retornou para junto dos seus irmãos.Veio de avião para morar com uma irmã. Morou em Croatá, Maranhão. Ela trabalhou muito, carregava coco na cabeça para pagar o INSS. Mais tarde voltou para Campo Maior para morar com um dos sobrinhos: José Roberto e os filhos destes, seus netos afins. Algum tempo depois, um outro sobrinho-Antonio Sobrinho ganhou uma casa na COHAB e lhe deu, onde vive até hoje. Dona Amália é muito grata aos seus irmãos Candinho e Nazareno, que lhe confiaram a criação dos filhos. Seus sobrinhos, netos, foram criados com amor e todos se formaram.

"Sou muito feliz", disse dona Amália, pois tenho o apoio e o carinho de toda a minha família. "Antonio Sobrinho, Anita, Fátima, Brito, são sobrinhos sempre presentes na minha vida", acrescentou. Agradeço aos outros sobrinhos por serem pessoas também presentes, concluiu.

Dona Amália mora sozinha, mas não fica só. Tem sempre companhia durante o dia e a noite.No entanto, ela própria faz a comida, lava roupa e, para manter a forma faz caminhada todos os dias, pela calçada - caminha um quilômetro e meio.

O que ela faz para viver tão bem aos 90 anos de idade? A receita é, segundo Dona Amália: primeiro: amar a Deus, segundo procurar ocupar a mente com alguma atividade, amar as pessoas e procurar viver em paz.

Parabéns dona Amália. Muitos anos de vida para a senhora. 







Nenhum comentário:

Postar um comentário