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sábado, 20 de novembro de 2010

Campo Maior terra dos museólogos e colecionadores

Campo Maior apresenta uma certa vocação para a arte de colecionar, pelo que se vê e descobre poderá se tornar a cidade dos colecionadores ou dos museólogos.Existe o Muzeu do Zé Didor com um acervo bem grande de peças pertencentes a épocas diferentes, de renome internacional. A arte do  Zé Didor é mais reconhecida fora do que na sua  cidade. O Professor Assis croiu também museu recentemente  para guardar peças antigas, com um diferencial, todas funcionam; há um senhor em Campo Maior, que coleciona fotos de artistas e de autoridades.Havia ainda  na cidade, um certo senhor que guardava em seu armazém carteiras de cigarros, tampinhas de garrafas, móveis velhos e tudo que era quinquilharia. Qualquer coisa que chegava as suas mãos era guardada, porém por falta de apoio e de estímulo por parte da família não conseguiu organizar seus pertences e creio que o tempo passado no meio de tanta desorganização tenha sido uma das causa de sua doença que o tirou desta vida. 
Isso tudo é apenas para mostrar que em Campo Maior existe um outro museu além dos já conhecidos, trata-se do Museu do Sítio Boa Esperança, citado na revista Nossa Gente e visitado pelo poeta  e escritor campomaiorense Elmar Carvalho.Veja quais foram as impressões do poeta ao visitar o local.
 O MUSEU DO SÍTIO BOA ESPERANÇA
Elmar Carvalho

Através do mais recente número da revista Nossa Gente, editada pelo jornalista Raimundo Belchior Neto, tomei conhecimento da existência de um museu, instalado no sítio Boa Esperança, de propriedade do senhor Antônio Conrado. Decidi que em minha primeira viagem a Campo Maior iria conhecê-lo, fato que aconteceu no domingo. A reportagem informava que o sítio ficava no quilômetro 29 da estrada que vai para Barras. Como meu pai não tivesse conhecimento a esse respeito, consultei o Dedé, vizinho de sua casa na rua Capitão Félix, perto do estádio. O Dedé simplesmente sabia tudo e foi preciso nas informações. Disse que o sítio ficava perto da estrada, e era de bom e fácil acesso. Com esse esclarecimento, em companhia do Antônio José, meu irmão, e do amigo Zé Francisco Marques, dirigi-me para lá. Fui recebido cortesmente pelo proprietário. A antiga sede da fazenda é como se fizesse parte do museu, com o seu babaçual, suas grandes árvores e plantas ornamentais, e a gruta onde está entronizado o santo da devoção dos donos da casa. O museu propriamente dito fica num prédio próximo, independente. Ali estavam antigos móveis e objetos, que eu já não via há muitos anos; objetos que foram úteis e preciosos, mas que se tornaram obsoletos ou fora de moda, com as novas invenções e a mudança de gostos e costumes. Numa prateleira estavam enfileirados rádios de vários modelos, alguns a válvula, além dos famosos Semp e ABC. Este último ostentava o seu slogan “a voz de ouro”, que marcou gerações. Sobre uma rústica bancada estavam enfileirados vários ferros de engomar, a carvão, que ainda alcancei em pleno uso. Entre outros objetos, vi baús, bilheiras e um grande e pançudo pote. Recordei os velhos petromax, que iluminavam as noites sertanejas. Entre os objetos artesanais e mais rústicos, havia um imenso pilão horizontal, de vários furos; um corró, que é uma armadilha de varas para pegar peixes; uma tora de madeira oca, em cujo interior havia uma armadilha para prender pebas e tatus. O senhor Antônio Conrado, em conversa, contou que havia vendido alguns dos objetos, mas depois os comprou de volta, para o acervo do museu. Revelou que um dos novos proprietários se recusou a fazer a retrovenda de um móvel; disse preferir doá-lo, para que seu nome constasse na ficha de identificação da peça. O engraçado é que esse proprietário tem o sobrenome Grosso, mas pelo visto trata-se de pessoa fina e educada, para ter essa sensibilidade e percepção. Contemplei uma grande e velha cadeira de outrora. Era numa delas, sem dúvida, que os coronéis da carnaúba, do tucum, do babaçu e demais produtos do extrativismo e do gado ditavam suas ordens e suas leis, num tempo mais simples, em que não havia tanta pressa e tanto estresse. É certo que alguns desses objetos existiam na casa de meus pais, mas foi um prazer reencontrá-los, para poder viajar ao país de minha infância.

Antônio Conrado, proprietário do museu e do sítio Boa Esperança


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