quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Zan por ele mesmo




Já quis ser muita gente na vida, mas morrerei feliz se morrer como ZAN, do jeito que sou como sou…
Zan  no Carnaval da Saudade - 2015

Zan com Boêmio no Carnaval da Saudade - 2014

Zan com amigos em Barras durante jogo Caiçara x Barras-2014


Calma, não estou escrevendo uma carta de despedida como suicida… Estou apenas achando que é hora de começar a puxar do baú das memórias as coisas que eu vivi e sofri, pra que pelo menos, se eu morrer duma hora pra outra, se lembrem do que eu fui ou sofri, mesmo que isso não signifique absolutamente nada pra ninguém, o que é muito provável, a não ser pra mim…
Já quis ser jogador de futebol: em 1960, minha família migrou daqui pra Recife e lá eu vivi quase três anos me encantando com futebol e jogando pelada num areal em frente de onde morava, com uma molecada de onde saiu até jogador de seleção, um goleiro chamado Wendel, que jogou no Botafogo e no Fluminense e que por último foi treinador de goleiros da seleção brasileira. Escapei de ser jogador não porque não tivesse algum potencial pra coisa, era muito magro, corria e driblava com alguma facilidade, ciscava bem pelo meio de campo, mas aos quinze, dezesseis anos tinha físico de menino de dez… Quando voltei pra cá em 1962, reencontrei a molecada que tinha deixado aqui jogando futebol de salão no Iate e aqui o pessoal ficava encantado com meu futebol de dribles secos e chutes certeiros… Eu comecei a trabalhar nessa época e vivia o tempo todo ou assistindo a jogo de futebol, lendo revistas de futebol e imaginando um mundo onde a bola fosse o resumo de tudo, jogando peladas onde pudesse… Isso até 1966, quando eu voltei definitivamente pela primeira vez pra Campo Maior e me tornei kardecista, frequentando o Centro Espírita do irmão Turuka e aconteceu a primeira grande transformação na minha vida, agora meus modelos não eram meus ídolos futebolísticos, eu queria ser um grande médium como Chico Xavier ou médium orador como Divaldo Franco…
Em 1969 comecei a dar aulas de matemática e em 1970 fiz parte do grupo de jovens
que fez o jornal “A Luta”… Nessa época comecei a me interessar seriamente por jornalismo e meus ídolos na área passaram a ser os caras que faziam o “Pasquim” de saudosa memória: Luis Carlos Maciel e Paulo Francis… Ganhei a estrada, passei um tempo com meu pai em Manaus e parei em Brasília onde fiz concurso pro Banco do Brasil e fui  trabalhar em São Paulo. Nessa época o vírus da política entrou no meu sangue até hoje, era tempo em que o risco de se ser preso ou morto por tortura era real… Em São Paulo eu me envolvi com um grupo de jovens estudantes da Usp altamente politizados… Não consigo reencontrar ninguém desse tempo pela internet, mas uma hora eu consigo isso… Eu, com medo de ser preso e morto em São Paulo, resolvi voltar pra Campo Maior em 1974… Em 1977, em Teresina, comecei a me envolver com teatro, que até hoje ainda mexe com minha cabeça… Em 1979, abertura política, eu dei um tempo pro teatro pra me casar e me encantar com a literatura dos que voltaram do exílio, Gabeira e Sirkis, principalmente… Me encantei com a prosa do Gabeira… Passei os anos 80 quase todo lendo e querendo ser não sei como um Gabeira sem maconha ou viadagem (sei que ele não é mas eu nunca me liguei nessa coisa de militância gay, embora não tenha nada pessoal contra…) Até encontrar o teatro de Gerald Thomas, de quem eu até outro dia era admirador incondicional mas com o tempo passei a antipatizar o jeito meio vagabundo de ser o gênio teatral que é…
Hoje, meu grande ídolo e modelo sou eu mesmo, com tudo o que isso significa… Pra quem quis ser muita gente, terminar meus dias feliz com o que sou, é alguma coisa pra mim, pelo menos… rs rs rs…Zeferino Alves Neto -Zan - pinuca - postado em seu site http://carnaubasnews.com.br/ em 31.01.2015.

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