No Jenipapo...
a quietude é violada
pela brandura do vento
sobre a campina...
pelo suave encanto,
do canto do canário,
do bem-te-vi, do sabiá
a magistral sinfonia dos anfíbios
e,
o estranho e incômodo
chiar dos pneus no asfalto...
à sombra do pequiá,
da jurema e do mocó
dorme eternamente
o homem do sertão,
o vaqueiro aboiador,
herói sem paletó,
sem arma e instrução,
que,
na manhã de março,
não suportanto a pressão,
a tamanha humilhação,
resoluto e ensandecido
trocou a sela, os arreios,
o surrado gibão,
pela foice, o machado, o facão;
o mugir do gado,
pelo sibilar do canhão;
o cheiro do curral
pelo repugnante odor da pólvora;
o prazer do leite mugido,
a escorrer pelas endurecidas mãos,
sobre o corpo ardente...
o abraço da mulher amada,
pelo mórbido frio do punhal,
sobre o peito arfante.
Abandonando a labuta do campo,
o aconhego dos entes queridos,
para ir ao encontro fatal...
Na consciência a convicção
que,
ao tombar inerte,
revelara ao inimigo
a à nação brasileira
a bravura, a determinação
do caboclo sertanejo;
o sentimento patriótico,
que explodira do seu coração.
Havia cumprido
com orgulho e heroísmo,
a sua última e honrosa missão.
José Omar Araújo Brasil, professor, escritor e membroda Academia Campomaiorense de Artes e Letras- alcale.