sexta-feira, 20 de abril de 2012

Editorial: 250 anos de Campo Maior

Campo Maior chega aos 250 anos, no dia 08 de agosto, abandonada e
cansada de todas as guerras. Nem parece, mas já teve seus tempos de
paz e inocência. Campo Maior também, sempre será lembrada  como a
terra do calor, da  inconfundível carne de sol  e do açude  plantado
em seu coração.Quem seria louco em dizer que um dia se tornaria
promissora e atrativa aos olhos de desconhecidos?Presentes dados pela
mãe natureza só mesmo a serra azul que desponta no horizonte e seus
campos  inundados de carnaúbas.
No seu nascimento, apenas a igreja de Santo Antonio e os casarões de
famílias ricas que brotavam ao seu redor. Margeando a vida pudica e
conservadora, explodiam os cabarés com seus nomes interplanetários.
Desde a  beira  do rio Surubim , até quase as praças centrais, onde
moças virgens e recatadas desfilavam com seus melhores vestidos.Ordem
e Progresso existia naquela época: era o nome de  uma boate .
Da Fazenda Bitorocara até a instalação da Vila de Campo Maior,
coronéis e gente humilde tiveram a coragem de desbravá-la de verdade.
Guerra, intrigas políticas, poetas e forasteiros reinaram solene no
chão de terra quase estéril. Nesse cenário, Portugal perdeu a sua
última chance de impor a sua decadente monarquia.
Das cacimbas, nasceu o açude. Veio  energia elétrica, o Banco do
Brasil, o Correio e os grandes armazéns. Bernardo de Carvalho e Aguiar
já podia dar-se como satisfeito. E quem imaginaria que seríamos
visitados por um Presidente da República?A visita do Marechal Humberto
Castelo Branco foi um grande acontecimento. Milhares de crianças com
bandeirinhas do Brasil em punho saudavam a comitiva. A cidade inteira
estava na Praça Bona Primo e todos foram estúpidos demais para
entender a escuridão dos anos negros que viriam pela ditadura militar.
Mesmo vivendo na penumbra, causada pela proximidade com a capital, ela
resistiu. Aguenta até hoje prefeitos incompetentes, secas e
inundações. Uma efeméride, sem brilho, sem fogos e orgulho, sem ter
muito o que festejar. Mas, somos fortes e por ter Campo Maior morando
dentro da nossa alma é que comemoraremos com uma pequena lágrima no
canto dos olhos. Os mesmos, que insistem em querer ver, a cidade dos
seus sonhos.
Sergio Emiliano.
 
 
 

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