Surge Sarah Menezes

Do  nada, de repente surge Sarah Menezes.Uma menina que treinava
escondida dos pais aos nove anos, nascida num Piauí que conhecia o
judô como algo exótico lá dos confins dos Japão.
Aos poucos , e sem fotos de ídolos pregados na porta do quarto, foi
ganhando notoriedade,primeiro por ela mesma. Nunca ligou se iria
treinar tendo que pegar um coletivo lotado e calorento. Era no
primeiros calos da mão e da perseverança do seu técnico, é  que se via
nascer uma campeã.
Abdicou dos grandes centros de judô do sul do país e não se
auto-intitulava em nada.Queria provar que para vencer  não é
necessário todos os mimos que cercam os grandes atletas.
Teve suas dores, derrotas e falta de patrocínio. Muita gente jurava
que nunca iria chegar longe. A Europa era coisa dos livros da escola
pública  em que estudava.Conseguiria chegar até o fim do caminho ou
seria atropelada no meio dele?
Nunca largou a família. Valoriza o máximo que pode, e sente orgulho
quando fala do Piauí , mesmo sem incentivo algum para os esportes.
Cultiva a modéstia, coisa que só mesmo um legítimo campeão, sabe ostentá-la.
Assistindo a sua apresentação, fiquei eufórico, feliz e chorei de
emoção com ela. Fazia tempos que não sentia orgulho tão relaxante, tão
humilde.
Sarah, nunca irá se endeusar e nem ficará angustiada se não vencer a
próxima luta. Anda longe dos abutres, os patrocinadores de atletas
famosos. As derrotas, os gritos  do público e as vaias, sempre estarão
presentes na sua alma de competidora.Nada dura para sempre e ela sabe
disso, pois não precisará virar um ícone de consumo  de gente ávida
por novos heróis.Isso é ser centrada, focada num sonho pessoal, coisa
que quase ninguém tem.
O Brasil, pobre Brasil, prefere atletas que tenham milhões na conta
bancária para admirar. Daí vem o fascínio pelos jogadores de futebol
cheios de mansões, mulheres, baladas e iates.
Ela não teve vergonha de mostrar ao mundo a sua trajetória difícil,
pois possui humildade. Em Londres, ela realmente foi a campeã das
campeãs e de quebra, apresentou o Piauí para o mundo.
Sergio Emiliano.