Até minha aposentadoria em 2012 existia uma grande deficiência de Médicos de Terapia Intensiva em todo Brasil. Trabalhei durante 35 anos em UTI lidando diariamente com pacientes em VPM. O uso de equipamentos de ventilação mecânica requer treinamento e prática com cada tipo de aparelho e conhecimento de fisiologia e fisiopatologia respiratória, para assim estabelecer parâmetros de ventilação para cada tipo de patologia e o quadro respiratório apresentado pelo paciente em questão.
Uma equipe altamente especializada em UTI composta por médico, enfermeira, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta se faz necessário para um tratamento com menor risco de trauma pulmonar.
O que vemos durante a pandemia de Covid 19 são governadores comprando milhares de respiradores, inclusive sem saber a origem e o nível de tecnologia do País que fabrica esses equipamentos. Agora, pergunto: Quais profissionais de saúde vão manusear esses equipamentos? Qual o nível de formação desses profissionais em Terapia Intensiva? Como vão conseguir formar tantos profissionais com conhecimentos na área em curto espaço de tempo?
Colocar simplesmente um paciente em VPM sem uma equipe preparada é um caminho para a irreversibilidade do quadro.
Devido a isso, creio que a condução do caso precocemente com classificação de risco e alerta para o quadro respiratório do paciente seja a conduta mais adequada. Se estabelecido um quadro respiratório utilizar desde catéter, máscara de oxigênio, tendas de oxigênio (muitos serviços vêm utilizando tendas com êxito), ventilação pulmonar mecânica não invasiva e só em último caso a intubação e VPM.
Com um modelo de tratamento menos agressivo, já que não dispomos das equipes de profissionais especializadas, poderemos obter êxito, como alguns serviços estão adotando, sem culminar com a intubação e VPM.
Faço restrições, ao número de respiradores importados, alto custo, procedência, dificuldade de manutenção. Enfim, logo teremos um depósito imenso de sucatas. Por fim, por que não os nacionais?
Dr. Edmilson de Miranda-médico-pediatra. Intensivista. Instrutor do Samu. Trabalhou como médico de Terapia Intensiva Neonatal e pediátrica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e do Hospital Universitário de Brasília.Foi médico emergencista e aeromédico do SAMU-DF. Foi instrutor do SAMU.Estagiou ( Terapia Utensiva- Neo Natal) no Hôpital des Enfants da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica).Atualmente atende na POLICLÍNICA PAZ (às terça-feira ).
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