Os
números são expressivos: de janeiro a setembro deste ano, o Brasil já
exportou quase 21 mil toneladas de mel, faturando nada menos do que 93,4
milhões de dólares. Em todo o ano de 2016, as exportações chegaram a
pouco mais de 24 mil toneladas, com um faturamento de 92 milhões de
dólares. O maior importador foram os Estados Unidos. A informação é do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O mel é o mais importante produto apícola da pauta de exportação brasileira.
De Norte a Sul do País, a produção de mel é uma atividade que se mantém
firme. Em 2016, segundo o IBGE, o Brasil produziu quase 40 mil
toneladas. Cinco estados ficaram no pelotão de frente: Rio Grande do Sul
(6.283 toneladas), Paraná (5.992 toneladas), Minas Gerais (4.906 toneladas) e São Paulo (3.642 toneladas). O Piauí ficou em sétima posição com 3.048 toneladas.
Mas o desaparecimento
das abelhas, fenômeno que ocorre hoje em todo o mundo, e que assusta
cientistas e apicultores, pode mudar a posição de destaque do Brasil no
ranking dos produtores e exportadores de mel. O pesquisador Bruno Souza, da Embrapa Meio-Norte, acha que o sinal de advertência está ligado e que a situação é preocupante para toda a cadeia apícola.
“As
próximas gerações vão sentir muito os efeitos da redução das abelhas,
se não for feito alguma coisa para reverter essa situação”, alerta
Thiago Gama, gerente-geral da empresa Wenzel’s Apicultura, instalada no
município de Picos, a 307 quilômetros a Sudoeste de Teresina.
A Wenzel’s Apicultura é
uma das importantes do setor no Nordeste. Criada em 1990 pelo paulista
Arnaldo Wenzel, a empresa exportou em 2016 cerca de 200 toneladas de
mel, faturando mais de 20 milhões de reais. Para este ano, a expectativa
do gerente é que as exportações superem 2016.
Gama
lembra que a atividade apícola é essencial à vida, “pois com ela
acontece a polinização das plantas”. Ele pensa como a maioria dos
cientistas que procura encontrar as causas do problema denominado
Desordem do Colapso das Colônias (DCC): o uso indiscriminado dos
agrotóxicos nas lavouras, o desmatamento e as mudanças climáticas.
O
DCC é caracterizado pela rápida diminuição de abelhas operárias em uma
colônia, afetando diretamente a produção de mel, própolis, pólen apícola
e geleia real. O administrador citou como exemplo, já comprovado em
testes de laboratório, o herbicida Glifosato como um dos mais nocivos às
abelhas.
Um trabalho de fôlego para buscar soluções para o problema, será desenvolvido de 16 a 18 deste mês, em
Teresina, durante o Simpósio sobre Perda de Abelhas no Brasil. O
evento, que é uma realização da Embrapa Meio-Norte, Sebrae e Ministério
do Meio Ambiente e acontecerá no auditório do Bristol Grande Hotel
Arrey, na zona leste da capital do Piauí, reunirá cientistas
brasileiros, norte-americanos, franceses e australianos.
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Fernando Sinimbu (654 MTb/PI)
(86) 3198-0518
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